quarta-feira, maio 05, 2010

Coluna ChampCar Brasil

Memórias de Long Beach

Depois da gélida passagem pelo Alabama, chegamos a "Monte Carlo do Oeste", O GP de Long Beach, evento que já foi sede de diversas categorias, como a Fórmula 1 nos anos 1970 e 1980; da saudosa Cart; os protótipos da IMSA, Grand-AM, e atualmente a ALMS; e atualmente a Indy sob o comando da IRL, é um lugar muito bonito, palco desde 1975 da corrida de rua mais tradicional da América. Nessa pista o Brasil venceu somente duas vezes. A primeira, ainda na Fórmula 1, com Nélson Piquet, em 1980. A última, vinte anos depois, foi de Hélio Castro Neves num daqueles habituais passeios dominicais que “os meninos do Roger” costumam fazer nessa região litorânea próxima a Los Angeles.

Outros brasileiros estiveram próximos da vitória em diversas ocasiões. Uma corrida em especial me fora marcante. Em 1998, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves (pilotos das equipes Walker e Bettenhausen) travariam um belo duelo. Uma pena que Gil, então o líder até a 80ª volta, teve problema na caixa de câmbio e abandonou a prova. O então estreante Helinho quase conseguiu sua primeira vitória na categoria. Infelizmente, um erro a 15 voltas do fim, bateu contra uma barreira de pneus, acabou com as suas pretensões na corrida. Terminou em nono.

Não tem como falar desta etapa na doce Califórnia sem citar o grande Al Unser Jr. Enquanto o inesquecível Ayrton Senna era chamado de Rei de Mônaco - graças as suas seis conquistas no traçado monegasco, sendo cinco consecutivas - o norte-americano deixou sua marca em Long Beach também por seis vezes. Não me esqueço prova de 1992. Al Jr. buscava seu pentacampeonato (ele venceu todas ali desde 1988). Porém, seu companheiro na Galles Kraco, e campeão da Indy, Danny Sullivan tinha outros planos. Nas voltas finais ele conseguiu domar o rival. Mesmo com chassi Galmer sendo muito ruim, o talento desses dois pilotos aliado ao potente motor Chevy e ainda contando com a excelente estratégia montada por Rick Galles, acabaria por fazer toda diferença.

Considero esse como um dos seus grandes momentos na carreira do Danny, ainda mais após sua saída da Penske em 1990, e da fracassada passagem pela equipe Patrick com motor Alfa Romeo na temporada seguinte. Escrevi anteriormente que este propulsor italiano fazia parte originalmente de um projeto da Ferrari para a Indy. Depois a equipe vermelha desistiu do projeto e, para não perder o dinheiro investido, entregou toda a estrutura desenvolvida para a Alfa, que desde o final de 1986 era uma subsidiária da Fiat, dona também da Ferrari. Foi uma decisão sábia, pois tanto o carro quanto o motor se mostraram um tremendo fracasso nos testes e mesmo a compra dos chassis March em 1990, e Lola em 1991, não resolveu a situação da equipe comandada por Pat Patrick e assim a imagem da Ferrari ficaria extremamente arranhada.

Finalmente, não posso deixar de fora a última corrida da história da Champ Car World Series, que teve um melancólico fim nesta pista, na única corrida disputada em 2008, depois de anos de agonia e avassaladora queda de qualidade técnica, mesmo tendo um carro muito moderno. Entretanto a categoria já não tinha mais o combustível financeiro de outrora. O Will Power, por justiça, deveria ser declarado o campeão daquele ano, independente de ter sido uma etapa apenas.

Em relação aos protótipos, confesso não ter assistido toda a corrida da ALMS no sábado anterior a corrida da Fórmula Indy. Até que foi uma prova curta, durando cerca de 1h45min, bem mais rápida que às longas 12 Horas de Sebring por exemplo. Gostei de ver o Simon Pagenoud vencer em Long Beach e mostrar aos dirigentes da Indy que ele tem muito talento e deveria estar lá. O Gil de Ferran não estava errado ao buscá-lo para seu time da ALMS.

Um dos pilotos mais bem-sucedidos nesse tipo de campeonato (antigamente chamado de IMSA - Campeonato Americano de Marcas) foi o paranaense Raul Boesel, único brasileiro campeão do Mundial da modalidade. Em 1991, ele saiu da Indy, após correr pela decadente Truesports, que tentava na ocasião desenvolver seu próprio chassi. Pilotando para Jaguar, Raul travou grandes duelos com Perry McCarthy, Marc Surer e principalmente o temido Drake Olson dentre tantos veteranos talentosos.

Esse é o ramo do automobilismo com o maior potencial de crescimento nos próximos anos. Principalmente os norte-americanos possuem a cultura de acompanhar de perto esse tipo de corrida graças Nascar que geralmente é disputada em corridas que passam fácil das 3 horas de duração. É um cenário bem diferente do que ocorre aqui no Brasil, onde as corridas não ultrapassam os 45 minutos, em virtude dos interesses dos nossos canais de televisão, mais preocupados em exibir novelas e programas de fofoca.

Um abraço e fiquem com Deus.

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