sábado, novembro 04, 2006

Olá pessoal, muitas coisas aconteceram no dia 31 de outubro, que me deixou bem intrigado de como o ser humano pode se tornar em relação a certas circunstâncias, mas como Deus pode e faz maravilhas em nossas vidas. Foi o que realmente valeu a pena neste momento e sempre. Essa a coluna, especificamente, é algo que foi e está sendo bem difícil de escrever. Quero falar pouco sobre o dia 31 de outubro de 1999 e muito sobre as realizações de um projeto póstumo e de um legado e a saudade grande em todos que ele deixou. Falar do Greg e suas qualidades e defeitos é algo muito, mas muito simples e fácil. Duro é administrar esta saudade que os amigos e a família – Moore e da Cart – sentem. Ah, isso é muito duro! Biografias e histórias sobre aquele dia estão em todos os cantos da Internet, mas aqui vou escrever um breve relato dos meus últimos contatos com ele o que já foi feito depois de seu falecimento na pista de Fontana.


A família Moore, num ato de desprendimento e grandeza criou a Greg Moore Foundation. Esta é uma entidade especificamente atuante com foco em crianças carentes no oeste do Canadá e Estados Unidos. Os “chicanos” (mexicanos e outros latinos que tentam a imigração ilegal para os Estados Unidos) recebem atenção e suporte financeiro, psicológico e espiritual, pois a família é evangélica e tem em Deus a sua força, principalmente para superar a perda do Greg. Quando encontrei com Mr. Moore (Rick) aqui no Rio, ficou evidente a emoção que me causou – cheguei a travar as pernas -, pois a superação e a manutenção do amor e fascínio pela velocidade e pelo trabalho da Cart Charity (uma entidade da antiga Cart que tratava de angariar fundos para caridade em alguns países, inclusive no Brasil). O que mais me chamou a atenção nisso tudo é que, tirando a comunidade da Cart (pilotos, equipes, patrocinadores e parceiros) e as comunidades beneficiadas, a divulgação sobre o que era arrecadado nos leilões era pouca ou quase nenhuma, pois não era interessante para ninguém ganhar em publicidade sobre a “desgraça” dos outros. Os incêndios de San Bernardino, onde fica o autódromo de Fontana (Califórnia Speedway), recebeu um suporte financeiro da Cart e isso foi divulgado, pois nesta época já se tratava da falência da empresa e uma propaganda positiva era importante.


A minha grande crítica póstuma é que, como ele já estava sob contrato da Marlboro Team Penske, não tinha chances naquele título e já havia sido liberado pelo Gerry Forsythe por razão de uma queda numa motoneta e lesionou os dedos da mão direita. Mas o seu comprometimento com a equipe que deixaria e a sua paixão pelo velocíssimo superspeedway da Califórnia falaram mais alto que o bom senso.

Infelizmente todos já sabem o final desta história. Lembro que em julho ele havia falado que a mudança para o time Penske estava acertada, mas que a divulgação seria feita apenas em setembro, pois a equipe estudava a possibilidade de um terceiro carro para Al Unser Jr., que é amigo de Roger Penske e tem uma grande história na equipe, o que acabou não acontecendo. Os agentes da Penske Racing chegaram a conversar com o Greg e com o Gil para não cometerem loucuras na pista, pois não tinham chances de conquistar o título e dentro de três semanas estariam trabalhando com três Reynards alugados da PPI e da Ganassi. Roberto Moreno, o "Super Sub" da temporada 1999 da Cart, estava de macacão e banco, pronto para correr. Enfim... Quando as coisas estão escritas que devem acontecer... Não há muito que falar ou pensar...


Sempre brinquei com as minhas amigas pelo tradicional "Halloween" (Dia das Bruxas), mas sempre me lembro daquela tarde triste de domingo quando a despedida de um querido amigo deixou um tremendo vazio. Ele sempre estará nos corações e nas lembranças de seus amigos, fãs, parceiros profissionais... O jantar de gala no dia seguinte a corrida – numa segunda-feira, aconteceu por desejo da família Moore, onde muitas homenagens e muita emoção cercaram aquele lugar. Os premiados da temporada, assim como os vencedores de outros prêmios tornaram-se insignificantes perto da homenagem linda que foi preparada. As lágrimas foram constantes e todos. Este acontecimento proporcionou o ingresso do Helinho Castro Neves na equipe e fiquei feliz com isso, pois era mais um grande cara ali dentro e a equipe criava uma forma meio brasileira, mas acredito que não era assim que o Hélio gostaria de ingressar na Penske.


A saudade é de quem fica, até o dia do reencontro. Gente como o Max Papis, Dario, Tony e Al Jr., assim como membros e colaboradores das equipes, a maioria anônima para o grande público, e me coloco neste time, sentimos uma dor cortante. Como disse, não estava lá, mas ver as bandeiras ficarem a meio mastro no meio da prova foi à certeza de que ele não sobreviveu aquele acidente terrível.


Considerações que podem ser feitas após o falecimento dele: a segurança melhorou muito depois deste trágico dia, os fabricantes de chassis foram obrigados a reforçar ainda mais a célula de sobrevivência. Não é a garantia total, pois este é um esporte muito perigoso e estes caras sabem o que fazem e conhecem os riscos.


Esta coluna não poderia ser dedicada a ninguém mais que meu amigo querido e grande camarada. Escrevi ao som de Journey, uma das bandas preferidas dele. Fiquem com Deus e que todos sejam muito felizes.

Um grande abraço e até a próxima.

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