segunda-feira, janeiro 29, 2007

Coluna Semanal - Circuito da Gávea

"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Circuito da Gávea - Atos de coragem e heroísmo

Domingos Lopes com sua Bugatti no ciruito da Gávea.


Olá pessoal, amanhã os carros e equipes da Champ Car estarão sendo apresentados e a expectativa é grande, pois alguns acordos serão anunciados, mas ainda acho que teremos muitas novidades até os treinos de abertura na pista de Las Vegas. Mas este dia é um marco para o crescimento do campeonato. E se Deus quiser, continuará a ser Champ Car, sem este nome terrível de "Fórmula Mundial". Essa coluna é um pouco fora de nosso principal foco de cobertura, a categoria. Queria relatar uma experiência pessoal, que foi um tanto divertida, mas também teve sua dose de adrenalina e certo perigo. Quando ainda estava casado e morava no tradicional bairro do Leblon sempre mantive o costume de pedalar e fazer jogging. Assim passei a ter esta paixão por pedalar por médias e longas distâncias.

Mas voltando ao assunto desta coluna, um belo dia eu resolvi seguir um mapa e fazer o caminho da Gávea, onde ficava o antigo circuito onde grandes heróis do automobilismo internacional e nacional fizeram nome. Seria hoje o que consideramos a "São Silvestre" e era bem tradicional. O seu traçado, muito desafiador, passava por pontos hoje tradicionais como a Avenida Niemeyer e pela Avenida Visconde de Albuquerque, isso sem contar que muitos trechos da pista foram "tomados", digamos assim, pelas favelas da Rocinha e Vidigal, nos Bairros da Gávea e Leblon, respectivamente. Era um circuito longo abrigou vitórias e grande orgulho ao país, mas também grandes perdas..

Passando pelo morro Dois Irmãos – onde originara o desenho deste circuito, vi o "Trampolim do diabo" e fui entender o que isso significava. Em suas partes sinuosas, os carros vinham em altas velocidades, mas, caso perdessem o controle, eram quase que jogados contra um despenhadeiro no mar com muitas pedras. A vista de lá é linda demais, mas lembrar de tragédias assim torna as lembranças um pouco mais amargas. Basicamente os carros tinham conjunto de rodas muito finas, o que era tradicional na época, mas ao mesmo tempo em que isso propiciava altas médias de velocidade (falamos em torno de 70 km/h. Na época isso era um absurdo) o carro era altamente instável nas curvas e os trechos, hoje conhecidos como Avenida Niemeyer e Avenida Mary Pessoa deixavam os carros mais "nervosos", pois se tratavam de pontos de velozes com curvas em seqüência de "S".

Pilotos nacionais como ninguém menos que Chico Landi e o Barão de Teffé (primeiro vencedor desta prova em 1933 com um Alfa). Basicamente os construtores italianos dominaram esta prova e gente de renome, além dos já acima citados, consagraram esta pista que colocou o país definitivamente no roteiro internacional do automobilismo, já que Interlagos seria inaugurado apenas em 1940. Pilotos como José Froilán Gonzalez, que foi o primeiro vencedor da Ferrari, Carlo Pintacuda entre tantos outros nomes famosos que não venceram esta prova. Em 21 anos de história foram disputadas 16 edições e vale citar que o mundo vivia o clima de pré 2ª Guerra Mundial e durante a mesma. A última edição foi realizada em 1954 e vencida pelo suíço Emmanuel de Graffenried com um Masseratti.

A minha experiência em pedalar no que sobrou da pista deu certa tristeza, pois uma boa parte dele está “possuída” por moradores das duas já citadas favelas, e a administração do Parque do Morro Dois Irmãos não teve este cuidado na época de preservar esta área, que poderia tornar-se um parque como onde encontramos pistas de automobilismo em SPA, na Bélgica, Albert Park na Austrália e Montreal no Canadá. Percebi que ciclistas ou mesmo amantes da velocidade e história, como era o meu caso, não seriam muito bem vindos por ali. Mas que é um passeio que vale muito a pena, isso vale.



Hoje em dia vejo os pilotos, de uma forma quase que geral, funcionando como elementos de marketing, com assessoria disso e daquilo e sem aquele espírito de aventura que a carreira proporciona. Gente que se diz qualificada a pilotar um champ car e se diz satisfeita com terceiros e quartos lugares... Acho que novos Froilán Gonzalez e Chico Landi deveriam surgir outra vez... Assim como temos muitos pilotos na questão acima citados, temos de fazer justiça as esses que se tornam heróis e lutadores!


Um grande abraço fique com Deus e até a próxima.

OBS: Está sendo desenvolvido um "game" de corridas para computador, por uma firma argentina que terá a pista do Circuito da Gávea. Um belo reconhecimento, sem dúvida.

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