sexta-feira, março 12, 2010

Quando a grana esta curta - Talento X Dinheiro

Talento versus Dinheiro

Faz duas semanas, durante os treinos da Fórmula Indy no Barber Motorsports Park, o veterano canadense Paul Tracy deu declarações polêmicas sobre a situação dos pilotos da América do Norte no campeonato, que cada vez mais utiliza estrangeiros cheios de dólares em detrimento aos pilotos locais. O desabafo do piloto e sua frustração por não estar presente em todas as provas desse ano, também são compartilhados outros representantes locais, que tem poucas chances no atual cenário da Indy.

Nesses tempos de crise financeira norte-americana, o dinheiro fala ainda mais alto, sendo esse sempre é o principal aspecto para se definir uma vaga numa equipe. Isso é um absurdo tremendo, pois o esporte perde seu foco – fazer um belo e emocionante espetáculo para o público -, deixando de contar com os melhores competidores e por consequência espantando patrocinadores e os fãs. Porém o automobilismo é uma atividade que requer grandes somas financeiras. Sem esse combustível a máquina para.

Há anos venho comentando - já não sou nenhum garoto que descobriu o automobilismo vendo Dan Clarke e Bruno Junqueira na pista - que o mercado dos Estados Unidos se fecham em torno da Nascar. Alí é um território quase que totalmente estadunidense. A Indy, desde 1985, quando Emerson Fittipaldi venceu as 500 milhas de Michigan, recebe grande quantidade de pilotos que buscava oportunidades fora da Fórmula 1 e Europa, buscando na América seu eldorado.

Faz anos que os Estados Unidos não formam pilotos de monoposto como deveria. Espera-se muito do Marco Andretti, mas parece que seu tempo está passando. Danica Patrick a não considero uma piloto de verdade. Vejo-a como um grande elemento de marketing, mas pilotar com aquele olhar guerreiro, ela não consegue. Falta capacidade. Ao menos abriu as portas para outras mulheres, como a nossa Bia Figueiredo e a Simona de Silvestro, terem uma oportunidade na profissão. Já o A.J. Allmendinger desistiu de ser piloto de Indy, preferindo andar no pelotão dos retardatários da Nascar. Graham Rahal ainda não tem assento para este ano, mas o que fez de tão grandioso em sua carreira?

E esse problema de falta de talento não ocorre somente no lado norte-americano. Temos alguns exemplos brasileiros, como os de Bruno Junqueira e Mário Morais, que correram até onde foi possível, porém chegou um momento que suas atuações "brilhantes", com meros lampejos de brilhantismo, não foram suficientes para a manutenção deles em alguma equipe. Carl Haas percebeu que Junqueira não pilotava no mesmo ritmo do Bourdais e do Servia. A vida que se segue, o pelotão continua a andar, assim como andou para Paul Tracy.

Tenho imensa admiração pelo Tracy por ter seguido o fluxo contrário dos dissidentes que migraram para a IRL e permaneceu na Cart, colocando em xeque sua reputação. Isso foi uma prova de que caráter é uma qualidade que poucos homens, como um Tracy, ainda possuem. Mesmo assim, não concordo com o desabafo dele sobre os pilotos locais estarem sendo colocados para fora por questões comerciais. Não é só isso. A questão técnica também influencia muito. Mas é verdade que um certame norte-americano, com empresas locais anunciando, não pode sobreviver sem os pilotos da terra. Este é o grande desafio proposto à nova administração da IRL.

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